A outra mulher

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Ao fim de vinte e um anos de casamento, descobri a forma de manter viva a chama do amor e a intimidade na minha relação com a minha mulher.
Recentemente, comecei a sair com outra mulher.
Na realidade, a ideia não foi minha.
— Tu sabes que gostas dela — disse-me ela um dia, apanhando-me de surpresa. — A vida é muito curta. Precisamos de estar com as pessoas que amamos.
— Mas eu amo-te a ti — protestei eu.
— Eu sei. Mas também a amas a ela. Talvez não acredites em mim, mas acho que, se vocês passarem mais tempo juntos, nós os dois vamos sentir-nos mais unidos.
Como sempre, Peggy tinha razão.
A outra mulher com quem a minha me encorajava a sair era a minha mãe. Continuar a ler

A arte de ser feliz

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Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz. Continuar a ler

Uma estrela

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Todos os anos, pelo Natal, eu ia a Belém. A viagem começava em dezembro, no princípio das férias. Primeiro pela colheita do musgo, nos recantos mais húmidos do jardim. Cortava-se como um bolo, era bom sentir as grandes fatias despregarem-se da areia, dos muros ou dos troncos das árvores velhas, principalmente da ameixieira. Continuar a ler