— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha. Continuar a ler
— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha. Continuar a ler
Um raio de sol entrava pela varanda aberta da sala e pousava o seu brilho intenso sobre a estante que, de alto a baixo, forra de livros uma das paredes do corredor quase sempre sombrio . Continuar a ler
Viagem de vento e de sol.
O mar e o céu,
no jovem coração de uma gaivota.
À semelhança do texto que acabaste de ler, redige um breve apontamento poético baseado na imagem proposta.
O barro e a pedra, que a mão humana trabalhou.
Um regresso às origens.
Sereno, o olhar.
Baseando-te na imagem proposta, comenta o texto acima transcrito.
As aves anunciam o Sol e, com ele, a Primavera.
É passado o Inverno, do calor do lume e das longas conversas à lareira.
Agora, o Verão, a areia dourada e a frescura das ondas, os papagaios de papel a rodopiar no céu.
Depois, o Outono, das folhas que dançam, vermelhas, ao sopro do vento.
Seria interessante dedicares a cada uma das estações do ano um pequeno poema.
Procura, em relação à Primavera, basear-te na imagem que acabaste de ver.
Entre lençóis de nuvens, o menino dorme.
Apoia a cabeça no branco travesseiro da lua, que lhe murmura ao ouvido histórias sobre os mistérios da noite e das estrelas.
Escreve, em forma de poema, as palavras sonhadoras que a lua segredou ao menino.
Miragem
Na fantasia colorida
musical
das festas de Natal,
a noite cresce
sobre o Menino
envolto em panos.
Quem O recorda
benigno
se a estridência das vozes
Lhe apaga a mensagem
de ternura
e candura
que quis partilhar?
Poesia
Poesia é beleza,
riqueza sem fim.
Faz nascer a ternura
e sentir a doçura
da flor de jasmim.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Lisboa, Círculo de Leitores, 1992
Retirado de: Cristais Poéticos
La Fontaine (1621-1695)
Tradução de Bocage (1765-1805)
A Cigarra e a Formiga
Tendo a cigarra, em cantigas,
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema,
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
– Amiga – diz a cigarra
– Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos, antes de Agosto,
Os juros e o principal.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá; por isso, junta.
– No verão, em que lidavas?
– À pedinte, ela pergunta.
Responde a outra: – Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
– Oh! Bravo! – torna a formiga
– Cantavas? Pois dança agora!
O Livro das Virtudes
Uma antologia de William J. Bennett, 1995
A flor não cresce
sem o manto do sol.
A ave não canta
sem o toque de luz.
A alma não vive
sem a força da fé.
A flor desabrocha
num riso de infância.
A ave esvoaça
no carinho do vento.
A alma dilata-se
nos dons do Amor.
A flor agoniza
na candura perdida.
A ave entristece
na miragem do ter.
A alma despede-se
na vertigem do ódio.
Anónimo
Texto amavelmente cedido pelo blogue Palavras-Vivas: http://palavras-vivas.blogspot.com/