Arquivo de etiquetas: reflexões
O espelho
Quando era pequeno, durante a guerra, éramos muito pobres e vivíamos num vilarejo distante. Certo dia, na estrada, encontrei os pedaços partidos de um espelho. Uma motocicleta alemã tinha tido um acidente naquele lugar. Continuar a ler
Inês
Quinta das Lágrimas
Umbrais do passado,
luz e sombra,
o caule
sinuoso
de uma glicínia. Continuar a ler
Sementes e Asas
Dentro dos dias felizes, ficaram sementes a germinar, à espera de asas.
Hoje, é vê-las voar…
É este o sonho.
Sem ele, nada seremos.
M. J.
As fadas da tia Lúcia
Quando Lourenço, já adulto, regressa à casa de férias da sua infância, as memórias desse tempo trazem, de novo, a magia à sua vida…
Chamo-me Lourenço e acredito em Fadas. Já direi porquê. Continuar a ler
A moça tecelã
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite.
E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
O lado sombrio do quotidiano – A Sombra Coletiva
Cada um de nós contém um Dr. Jekyll e um Mr. Hyde: uma persona agradável para uso quotidiano e um “eu” oculto e noturno que permanece silenciado a maior parte do tempo. Emoções e comportamentos negativos – tais como raiva, inveja, vergonha, falsidade, ressentimento, luxúria, cobiça, tendências suicidas e homicidas – permanecem ocultos imediatamente abaixo da superfície, mascarados pelo nosso “eu” mais adaptado às situações. No seu conjunto, são conhecidos em psicologia como a sombra pessoal, que continua a ser, para a maioria das pessoas, um território indomado e inexplorado. Continuar a ler
No nascimento do Mundo
Acho que aos seis anos já não acreditava que era Jesus Menino, literalmente, a colocar as prendas nos sapatos. Mas até aí ficava com o ouvido colado ao vidro fosco, a perceber se os ruídos explicavam o mistério do momento. Continuar a ler
A senhora é rica?
As duas crianças, de casacos gastos e já demasiado pequenos, encolheram-se junto à porta:
— Por favor, a senhora tem alguns jornais velhos? Continuar a ler