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Contar para, mais do que viver séculos, morrer feliz
Dina Diamant, a última companheira de Kafka, contou um episódio do tempo em que os dois viviam em Berlim e em que o escritor, ao passear num parque, encontra uma menina a chorar porque tinha perdido a sua boneca. Kafka decide consolá-la, dizendo-lhe que a boneca decidiu viajar e que até lhe escreveu uma carta. A menina estranha a situação e pede para ver a carta. Kafka diz-lhe que não a tem com ele, mas que a trará no dia seguinte e lha lerá.
Apesar de Kafka estar muito doente, com tuberculose (haveria de morrer nesse ano), todos os dias, durante três semanas, escreveu cartas atribuídas à boneca e dirigidas à tal menina. Até que, um dia, resolveu terminar aquela tarefa autoimposta, dando-lhe um final clássico do género “foram felizes para sempre” e casando a boneca.