A Gazela de Olhos de Ouro – Jean Siccardi

A Gazela de Olhos de Ouro

Há muito tempo, em pleno coração do deserto, Khemma, um velho tuaregue que já não tinha forças para viajar, instalou-se num desfiladeiro povoado de frágeis acácias e de tamarindos. A sua esposa Aicha e o filho Krim acharam aquele lugar terrivelmente hostil. Preferiam viver num oásis ou num povoado acolhedor, mas não contrariavam Khemma; a palavra do chefe de família era sagrada.

O pai construiu um abrigo redondo, de adobe, com telhado de juncos, e fez, com o auxílio de ramos, uma cerca para abrigar a camela e a cabra, e arrumar as alfaias. Com fibras secas, ergueu um depósito sobre troncos para que, deste modo, os alimentos ficassem protegidos dos chacais, das hienas e dos abutres. Colocou armadilhas para afastar as raposas do deserto e as víboras de cabeça dura.

Nunca o seu filho Krim o ajudou. Preferia dormir à sombra de uma palmeira e regalar‑se com leite de camela bem fresquinho.

― Sou fraco, pai adorado, tão fraco que mal me tenho nas pernas… ― repetia ele ao longo do dia.

E Khemma, muitas vezes já sem forças, trabalhava, trabalhava sempre sem nada dizer, fazendo o seu dever, enquanto o filho se lamentava uma e outra vez…

Às vezes, o velho tuaregue consultava os amuletos e os talismãs pendurados à cintura e perguntava ao céu:

― Que destino reservas a este preguiçoso?

Mas da constelação sagrada da Lebre não vinha resposta. Então murmurava:

In cha’ Allah, se é assim, é porque Deus assim o quer.

Um dia, Khemma descobriu “o olho de água”. Com as mãos escavou uma cova, encontrou lama, de seguida um fio brilhante, e abriu um poço. Brotou um caudal claro e cristalino, formando no areal um lago que transbordava para o canal ressequido. Cresceram tufos de arbustos verdes. A cabra pôde, assim, roer arbustos tenros e doces.

Levantou um muro de seixos redondos e lisos para o protegerem das borrascas. Espantou o argali e os lagartos, apanhou gafanhotos, foi buscar lenha, carregou à cabeça pesados cavacos para fazer o fogo.

E Khemma, muitas vezes já sem poder mais, trabalhava, trabalhava, sem nada dizer, cumprindo o seu dever, enquanto o filho se lamentava uma e outra vez…

― Sou fraco, querido pai, tão fraquinho…

Aicha mantinha o acampamento, preparava as papas de leite e o chá verde, cozia os pães e os crepes de farinha de trigo. À noite, exausto, sentado numa esteira diante das brasas escarlates, o velho tuaregue adormecia sem acabar a refeição e sem olhar para as estrelas. No entanto, gostava muito daquelas luzinhas que piscavam por cima das dunas. Aicha defendia ferozmente o filho das críticas paternas e repetia sem cessar ao marido, a fim de o acalmar das suas impaciências:

― Alá deu-nos o tempo, mas nada disse da pressa… Qualquer dia, vais ver que Krim vai pôr mãos à obra. É um bom rapaz. Vais ter orgulho no teu filho!

E Khemma respondia-lhe:

― As luas passam e as pedras não se mexem!

As noites e os dias iam decorrendo. Uma bela manhã, Aicha, aborrecida e desanimada, lamentou-se:

― Não temos trigo, nem cevada, nem milho-miúdo, e a aldeia fica tão longe, pelo menos a quatro dias de camela…

Krim, como não queria sair da sombra da palmeira, acrescentou com voz arrastada:

― Estou tão fraco, pai e mãe adorados, tão fraco que as pernas mal podem comigo…

― Seria uma tortura infligires ao teu único filho o sol e a longa caminhada até à povoação! ― exclamou Aicha.

Krim, tranquilizado, virou-se para o outro lado e adormeceu imediatamente.

In cha’ Allah, se assim é, é porque Deus assim o quer… Mas precisamos de uma terra para cultivar, custe o que custar”, pensou o velho tuaregue. Sem dizer uma palavra, Khemma levantou-se, envolveu um turbante na cabeça, pegou no cajado, na espingarda, no cutelo, encheu o saco de pães e de tâmaras, cuspiu no fogo, apertou os amuletos e os talismãs, e partiu em busca de terra. Deixou a camela no acampamento para não a cansar, perdeu-se nos planaltos rochosos, entrou pelas areias dentro, enfrentou a tempestade, enfrentou os relâmpagos, a trovoada e os raios. A travessia era perigosa, mas o velho tuaregue tinha coragem.

E Khemma, muitas vezes já sem forças, caminhava, caminhava sempre, sem dizer nada, enquanto o filho dormia e continuava a dormir… Cheio de sede, apertava o odre e bebia a água límpida do poço, que tanto o reconfortava. Quando a lua ficava avermelhada, montava o bivaque no recôncavo de um rochedo, acendia um fogo com lenha de acácia, enrolava-se na sua comprida túnica e adormecia, abatido de cansaço.

Uma noite, quando o firmamento iluminava como em pleno dia, ouviu durante o sono uma vozinha:

― Khemma, Khemma…

Primeiro julgou que era um sonho, mas a vozinha insistia:

― Khemma, Khemma, acorda…

O tuaregue esfregou os olhos, guardou o cutelo e examinou o céu. No meio daquela extensão de areal e rochedos, quem poderia saber o seu nome?

Empoleirada numa laje lisa, ao alcance do seu braço, uma gazela de olhos de ouro, de hastes verdes e brilhantes, deixando atrás de si uma suave claridade, fixava o olhar nele. Khemma, surpreso e desconcertado, ficou sem fala. Notou que a haste direita, escamosa, estava incrustada de esmeraldas.

― Tenho sede, muita sede… ― diz ela. ― Posso beber uma gota da tua água fresca?

Khemma não recusou e deitou na palma da mão a água pura do seu poço. A gazela, tal como prometera, bebeu uma gota apenas.

― Quem és tu? ― ousou perguntar Khemma.

― Sou a djenniya* de olhos de ouro.

― Como pudeste encontrar-me neste local?

― Sigo-te desde a noite dos tempos.

― Falas?

― Falo e protejo-te. Só tu podes ouvir-me e ver-me, porque és um ser justo e bom. E diz-me, por que te esfalfas neste deserto a seguir trilhos onde apenas se pode encontrar velhas carcaças e ladrões de rapina?

― Procuro um recanto abrigado das tempestades para cultivar o trigo, a cevada, o milho-miúdo, e alimentar a minha família.

A gazela ficou um instante em silêncio. Não tirava os olhos de Khemma.

― Enrola a tua esteira, pega no cajado, na espingarda, no saco, e segue atrás do meu rasto de luz.

Levou Khemma até um terreno estaladiço, ao lado de uma falésia desconhecida.

― Tira uma escama de uma das minhas hastes, mas cuidado, escolhe bem… Entra no meu rasto de luz e planta a escama aos teus pés!

Khemma, a quem o ouro, as jóias, as pedras preciosas nada interessavam, e queria apenas encontrar um terreno de cultivo, retirou delicadamente uma simples escama da haste esquerda e mergulhou-a na areia.

Levantou-se então um vento suave. As ervas ficaram como que envoltas num véu… Khemma, arrastado por um agradável torvelinho, acordou num campo de terra negra, muito fértil, não longe do acampamento.

― Se te convém, ofereço-to ― diz ela.

E, sem o mais pequeno ruído, a gazela desapareceu na noite.

Quando Khemma contou a sua aventura à mulher e ao filho, apenas ouviu troça e tolices.

― Não estás bom da cabeça… ― gracejou o filho.

― Só nas lendas é que existem deusas! ― rebentou de riso a mulher.

― Viste e falaste com uma gazela invisível? ― troçou de novo Krim.

― Pobre marido! Apanhas sol demais na cabeça…

Saturado das pilhérias da mulher e do filho, Khemma dirigiu-se de novo para o seu pedaço de terra, em busca de calma e serenidade.

Quando estava a retirar pedras, uma a uma, sentiu atrás de si o bafo quente da sua amiga, a djenniya de olhos de ouro.

― O que fazes aqui? ― perguntou-lhe ela.

― Separo as pedras grandes, para poder abrir regos direitos ― respondeu Khemma.

A gazela ficou calada por uns instantes.

― Tira uma escama de uma das minhas hastes mas tem cuidado, escolhe bem… Entra no meu rasto de luz e põe-na em cima da primeira pedra que vires.

Khemma, que só se preocupava com a terra negra e fértil, retirou uma escama da haste esquerda e colocou-a em cima da primeira pedra, aos seus pés.

Levantou-se então um vento suave. As ervas ficaram como que envoltas num véu…

Khemma foi arrebatado por um suave torvelinho e acordou num quintal rodeado de muros altos que desafiavam todas as correntes de ar do deserto. Não restava nem uma só pedra.

― Se te convém, ofereço-to ― diz ela.

E, sem o mais pequeno ruído, desapareceu na luz do sol.

O tuaregue regressou tão cedo ao acampamento que a mulher estranhou. Ele não lhe deu nenhuma explicação. Foi deitar-se à sombra da palmeira, descansou finalmente diante das estrelas e rezou às escondidas.

No dia seguinte, Khemma voltou com uma picareta e começou a escavar.

― Que fazes tu aí? ― perguntou-lhe a gazela.

― Procuro água para regar as minhas futuras plantações e estou a abrir regos.

A gazela ficou um instante em silêncio.

― Tira uma escama de uma das minhas hastes, mas tem cuidado, escolhe bem… Entra no meu rasto de luz e molha essa escama na água límpida do teu odre.

Khemma, que só se preocupava com a irrigação do quintal, retirou-lhe uma escama da haste esquerda e molhou-a. Levantou-se então um vento suave. As ervas ficaram como que envoltas num véu… Khemma foi arrebatado num doce torvelinho e acordou a ouvir o canto milagroso da água nos regos.

― Se te convém, ofereço-to ― diz ela.

E, sem ruído, desapareceu no brilho das rochas.

Nos dias seguintes, quando o velho tuaregue chegava, a gazela estava à sua espera e fazia-lhe sempre a mesma pergunta:

― Que fazes aí?

― Vou lavrar e plantar depois.

E ajudava-o a lavrar, a semear, a regar. Quando chegou o tempo das longas caravanas que atravessam o deserto, Khemma ceifou o trigo, a cevada, o milho, colheu legumes maravilhosos e deu a provar à gazela de olhos de ouro os seus primeiros frutos.

Khemma já não podia passar sem a djenniya. Juntos conversavam, e dialogavam longamente com os astros. Mas, no acampamento, Aicha e o filho não acreditavam no encontro do velho tuaregue e riam-se dele.

― Ele fala sozinho e até muito tarde durante a noite! Ainda bem que trabalha como um danado ― diziam eles.

Na época das promessas e dos amores amontoavam-se cestos de legumes e sacos de cereais no acampamento.

― Que vamos fazer de tudo isto? ― perguntou Aicha, preocupada.

O pai chamou o filho e pediu-lhe que fosse ao mercado trocar os seus produtos por novas alfaias, especiarias, rolos de tecido, e tabaco, e que trouxesse mais uma cabra.

― Segues ao lado da camela, porque vai muito carregada! Tem cuidado, não a canses e não a montes!

― Estou tão fraco que as minhas pernas…

Não chegou a acabar a frase, tal foi a ira que se apoderou de Khemma. Cheio de medo, Krim, que nunca tinha visto o pai naquele estado, tomou imediatamente o caminho da aldeia.

Krim ia à frente, a guiar a camela. Depois, pouco a pouco, pôs-se a andar ao seu lado, a aproveitar a sombra da bossa e, mais tarde, começou a segurar-se na cauda e era ela que o puxava. Assim passou a primeira duna e, com muita dificuldade, a segunda. Arrastava-se em vez de avançar, sempre a beber da cabaça e a gemer. Nos cimos que o separavam da terceira duna, a garganta ardia-lhe e a língua estava seca. De um só trago, bebeu toda a reserva de água.

À hora em que o sol está mais alto e tudo o que vive no deserto se esconde, Krim fez uma paragem. Encolheu-se na sombra de uma fenda. “Se a camela me transportasse, quem é que viria a saber?” pensou ele. “E se…”

Saltou de alegria, ante a ideia sublime que o assaltou. Descarregou um saco de trigo e enterrou-o. “Direi ao meu pai que os comerciantes eram avarentos e não me deram quase nada em troca.”

Saltou para cima da sela.

A camela deu um passo e parou.

Krim, teimoso e decidido a não caminhar, enterrou um segundo saco de milho. “Direi ao meu pai que os comerciantes eram ladrões da pior espécie…”

Saltou para cima da sela.

A camela deu um passo e parou.

Krim enterrou um terceiro e um quarto saco. “Direi ao pai que é preciso enforcar os ladrões dos comerciantes, para que os abutres lhes arranquem os olhos!”

Saltou para cima da sela.

A camela deu quatro passos e voltou a parar.

Decidido a fazer-se transportar até ao mercado custasse o que custasse, espalhou todo o carregamento e escondeu os sacos debaixo de pedras. A fêmea, livre de todo o fardo, leve como um antílope, nem esperou que ele lhe subisse para o lombo. Farejou ao longe o gorgolejar de uma fonte, o cheiro das silvas adocicadas, e desatou a correr. Krim foi incapaz de a agarrar.

De repente, levantou-se uma tempestade de areia. As dunas deslocaram-se como ondas movediças, apagando, para o infeliz viajante, todas as marcas e todas as referências. Perdido no areal e sem montada, Krim conseguiu mesmo assim arrepiar caminho até ao acampamento.

Khemma, ao ver o filho regressar despojado, envergonhado e a chorar, pensou logo que fora atacado por um bando de ladrões. Consolou-o como pôde, com palavras que o sossegaram. Mas Krim confessou a sua malvadez. Khemma foi acometido por uma onda de ira louca, pegou no cajado, volteou-o no ar e bateu, bateu, bateu no pobre rapaz.

― O que estás a fazer? ― perguntou a gazela.

― Estou a castigar o meu filho que me desobedeceu. Perdeu todas as colheitas e arruinou o fruto do meu trabalho.

― Isso de nada serve. É melhor encheres-lhe o saco de provisões, dares-lhe reservas de água para uma semana e mandá-lo procurar a camela e as mercadorias. Esse castigo ser-lhe-á realmente útil. Compreenderá assim a sua negligência! Lembra-te de que a cólera é a mãe de todas as loucuras!

Khemma, perante tais palavras, parou imediatamente de bater em Krim.

Aicha, como não queria deixar partir o filho sozinho, foi com ele. Passado o acampamento, Krim começa a lamentar-se:

― Sou tão fraco, mãe adorada, tão fraco, que as pernas…

E Aicha aliviou-o das reservas de água. Antes de chegar ao trilho grande, recomeçou com os seus lamentos:

― Sou tão fraco, mãe adorada…

E Aicha aliviou-o do saco das provisões. À terceira duna, depararam com os cestos de legumes e frutos roídos pela bicharada e, mais adiante, os sacos de trigo e de milho vazios, que tinham sido o regalo dos escorpiões e das raposas do deserto. Quanto aos géneros alimentícios, estavam todos espalhados no meio dos grãos de areia. O desânimo invadiu Aicha e o filho.

― É preciso encontrarmos a camela, custe o que custar. Se a levarmos para casa, talvez se acalme a cólera do teu pai e ele nos perdoe…

― Mas onde é que poderá estar esse maldito animal? ― vociferou Krim, completamente desesperado.

Foi então que apareceu diante deles a gazela de olhos de ouro. Viram que Khemma não estava louco, que a sua história não era uma miragem distante.

― Tenho sede, muita sede… ― diz ela. ― Posso beber só uma gota da vossa água fresca?

Aicha espremeu o odre de pele todo, mas nem uma só gota caiu.

― Vês ― murmurou Krim ― nem sequer lágrimas temos nos olhos para chorar!

― Conheces-nos? ― perguntou a mãe.

― Sigo-vos e protejo-vos desde a noite dos tempos. Agora podeis ver-me e ouvir-me, porque julgo que sois bravos nómadas. Sei o que procurais e posso ajudar-vos, se quiserdes.

Perante uma tal oferta, nem foi preciso que a gazela de olhos de ouro repetisse o que acabara de dizer.

A djenniya ficou por um instante em silêncio, depois dirigiu-se a Krim:

― Tira uma escama de um das minhas hastes, mas cuidado, escolhe bem… Entra no meu rasto de luz, atira-a de seguida na direcção da Constelação de Lebre e encontrarás a camela.

Mas Krim só tinha olhos para a haste da direita, onde as esmeraldas brilhavam. Sem hesitar nem reflectir, arranca com toda a força a escama engastada na maior pedra preciosa. O castigo não se fez esperar.

Surgiram todos os ventos do deserto num furacão que varreu os dois infelizes de cima dos elevados planaltos e os arrastou até um grande rio, lançando-os no oceano. Durante esse tempo, Khemma esperava o regresso da mulher e do filho. Passavam os dias e a tristeza apoderava-se do velho tuaregue. Às vezes, subia ao cimo da falésia e passava horas a olhar as infinitas extensões de areia. Mas nenhuma poeira surgia no horizonte. Dirigiu-se às estrelas; os astros não lhe responderam. Em vão apertou os amuletos e os talismãs. Não obteve nenhuma resposta.

Então sentou-se no meio do quintal e esperou. Viu as aves debicarem os últimos grãos de trigo.

― Se perdi tudo, a família, os bens, é porque Alá assim o quis ― lamentou-se ele.

Permaneceu assim todo o Inverno. Depois, nos primeiros dias do regresso das longas caravanas em direcção ao Sul, viu uma estranha luz penetrar no seu corpo e sentiu o bafo quente da gazela de olhos de ouro.

― Não fiques triste, Khemma ― diz-lhe ela baixinho. ― Em cada respiração, em cada instante, é preciso começar de novo, recomeçar tudo. Estou aqui e protejo-te. Dou-te esta escama da minha haste direita. Tem uma esmeralda. Coloca-a na tua face e formula um desejo. Serás logo atendido.

Delicadamente, Khemma pôs a esmeralda na face e fechou os olhos.

Levantou-se então um vento leve e suave. As ervas ficaram como que envoltas num véu… Sentiu-se arrebatado num longo sonho e o seu desejo foi atendido.

Khemma acordou na esteira do seu acampamento, diante de brasas escarlates. Aicha tinha preparado um maravilhoso chá com bolos de festa. O filho Krim sorria-lhe sem gemer nem se lamentar. A camela e a cabra pastavam calmamente.

― Se gostas desta vida, ofereço-ta ― diz a djenniya de olhos de ouro.

Khemma respondeu que sim e, sem ruído, a gazela desapareceu na lua de Abril.

O velho tuaregue resplandecia de felicidade.

Sobre os planaltos, uma última tempestade rugiu e o sol brilhou para sempre.

 

* Para os tuaregues, a djenniya, ou gazela de olhos de ouro, é um génio bom e protector.

Jean Siccardi
La gazelle aux yeux d’or
Paris, Albin Michel Jeunesse, 2002