Arquivo da Categoria: textos de reflexão
Eu tomo conta do mundo
Sou uma pessoa muito ocupada: tomo conta do mundo. Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar, e vejo às vezes que as espumas parecem mais brancas e que às vezes durante a noite as águas avançaram inquietas, vejo isso pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras de minha rua. Presto atenção se o céu de noite, antes de eu dormir e tomar conta do mundo em forma de sonho, se o céu de noite está estrelado e azul-marinho, porque em certas noites em vez de negro parece azul-marinho. O cosmos me dá muito trabalho, sobretudo porque vejo que Deus é o cosmos. Disso eu tomo conta com alguma relutância.
Continuar a lerA Terra: um ser vivo e consciente que nos convida a refletir

Desde que, país após país, foi sendo decretado que a população deveria ficar em casa para impedir o avanço do coronavírus, não me sai da cabeça a ideia de que a Mãe Terra tem sabido, através de meios naturais, abrandar o nosso ritmo frenético. Um ritmo e um modo de vida que a afetam a ela e aos outros seres vivos do planeta, e que, em última análise, nos afetam e afetarão cada vez mais à medida que as alterações climáticas se tornarem tragicamente irreversíveis.
Temos agora a oportunidade de reconhecer que o modo de vida atual tem sido destrutivo, mesmo em relação a nós próprios: por fim, as restrições e um ritmo bem mais lento estão a permitir que a Terra respire. Os níveis de poluição estão, indiscutivelmente, a diminuir, e a situação poderia manter-se assim se uma grande parte da população continuasse a trabalhar, sempre que possível, a partir de casa.
Continuar a lerA beleza

Quando nos damos conta de que beleza e verdade são uma só, a bondade, a felicidade e o bem-estar fluem naturalmente nas nossa vidas. Assim sendo, compreendemos melhor por que razão, sempre que a verdade e a beleza estão presentes na vida humana, a harmonia e a totalidade, a felicidade e a alegria, a integridade e o equilíbrio ocorrem automaticamente.
Daí que a injustiça social, a degradação ambiental, os conflitos religiosos e raciais, o terrorismo e as guerras se apresentem como fontes de profunda fealdade, pois revelam uma rotura na verdadeira relação entre o indivíduo e a sociedade, entre o produtor e o consumidor, entre governantes e cidadãos, e entre a humanidade e o mundo natural.
Continuar a lerSermos consumidores é tudo o que sabemos fazer
As alterações climáticas exigem que consumamos menos, mas sermos consumidores é tudo o que sabemos fazer. As alterações climáticas não são um problema que possa ser simplesmente resolvido alterando o que compramos — um híbrido em vez de um todo-o-terreno, algumas compensações de carbono quando viajamos de avião. O seu cerne é uma crise resultante do consumo excessivo das pessoas comparativamente ricas, o que significa que os consumidores mais frenéticos vão ter de consumir menos para que os outros possam ter o suficiente para viver.
Um mundo em desagregação
I
No crepúsculo do século XX, dizia-se que o mundo passaria a ser marcado por um “confronto entre civilizações” e especialmente entre religiões. Por mais angustiante que seja, essa previsão não foi negada pelos factos. Onde nos enganámos profundamente foi em supor que esse “choque” entre diferentes espaços culturais fortaleceria a coesão no interior de cada um deles. Ora, aconteceu o oposto. O que carateriza hoje a humanidade não é uma tendência para se reagrupar em conjuntos vastos, mas uma propensão à fragmentação, ao fracionamento, frequentemente com violência e acrimónia.
A primavera está a chegar…
É verdade que há medo. É verdade que há isolamento. É verdade que há açambarcamento. É verdade que há doença. É verdade que há mesmo morte.
Mas há quem diga que, em Wuhan, depois de tantos anos de ruído, é possível, de novo, ouvir os pássaros.
Há quem diga que, após algumas semanas de silêncio, o céu já não está tão poluído e voltou a ser azul e nítido.
A bolacha
Era uma vez uma jovem que estava à espera do seu voo na sala de embarque de um grande aeroporto.
Como tinha de esperar longas horas, resolveu comprar um livro para ocupar o tempo. Comprou também um pacote de bolachas.
Tempos
Ler. Ler histórias durante o período de confinamento que temos de atravessar
em nome do regresso à vida.
Para voltarmos a ela o mais rapidamente possível.
Neste período insólito que estamos a atravessar em Espanha (e “no mundo em geral”) aprendemos muitas coisas em poucos dias: palavras de cunho recente, como “coronavírus” – e a sua variante química, COVID-19 – interpretações de diagramas perturbadores sobre a evolução da doença em diferentes países, nomes de virologistas, comportamentos de microrganismos, novas síndromes que se avizinham… Cada fenómeno que surge traz consigo o seu próprio glossário.
Ano Novo
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Árvores
Naquele tempo, as árvores pediam os meus cabelos.
Eu era alta, da altura da grande mocidade que me vivia, e as árvores tinham ramos que se curvavam para mim, e isso acontecia em todas as estações, ou então, nesse tempo eu era o verão e só sabia de flores e de frutos e mal tinha percebido a canção das seivas tronco acima, tronco abaixo.
O ritmo interior
Muitas vezes, caímos na crença equivocada de que o mundo exterior é a nossa fonte de vitalidade. Aguardamos as suas sugestões e estímulos e esquecemo-nos de dar valor àquilo que provém do nosso mundo interior.
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A Sombra
Derivando das descobertas levadas a cabo por Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, o arquétipo da sombra pessoal engloba toda uma reflexão, sintetizada no âmbito da psicologia das profundidades, sobre a profunda cisão que parece existir entre o lado luz e o lado sombra da psique humana, sendo este último caracterizado por “desejos não reconhecidos” e por “porções reprimidas da personalidade”.
Vedações
Acordo com um peso nos ombros. Somos um mundo feito de naufrágios, penso, agarrada às notícias desse mar do meio onde se sepultam os esfomeados.
Penso sempre em Agostinho da Silva que alertou para a chegada dos do sul a desnortear a Europa. Entristeço ao saber este lugar de ricos a erguer vedações farpadas para que não entrem os que nada têm senão, ainda, o desejo de viver.
Morte de boa boca
Caem mais soldados numa só batalha
Que narcejas em muitas batidas de caça.
Através de despachos numerados
O general calcula em dezenas de milhar
Os caídos do dia
Estabelecendo listas e estatísticas.
Os banqueiros
Os banqueiros da grande bancaria do mundo, que praticam o terrorismo do dinheiro, podem mais do que os reis e os marechais, e mais do que o próprio Papa de Roma. Eles nunca sujam as mãos. Não matam ninguém: limitam-se a aplaudir o espetáculo.
Ao encontro da natureza
Sonho e realidade
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Sensibilidade
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O Tao da teia
HÁ ALGUNS ANOS – e posso precisar a data em 1992, não apenas porque registrei o fato em meu diário, mas porque sei que estava convalescendo, num processo de tratamento de uma doença grave que dividiu minha vida em antes e depois – eu estava numa manhã de julho em casa em Manguinhos, sozinha com Luísa, minha filha, então com nove anos.
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Os mesmos erros
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Da influência dos espelhos
Tu lembras-te daqueles grandes espelhos côncavos ou convexos que, em certos estabelecimentos, os proprietários colocavam à entrada para atrair os fregueses, achatando-os, alongando-os, deformando-os nas mais estranhas configurações?
Depressão
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Amizade
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Trabalho infantil
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Silêncios
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Mário Quintana – Escritos
Ser feliz
Temos muita tendência para nos esquecermos das regras mais básicas sobre ser feliz. Uma das maiores é que quase tudo o que nos faz crescer por dentro está à distância de uma vontade só: a nossa. E, a melhor parte de todas, é grátis.
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Que eu saiba as minhas asas
Que eu saiba as minhas asas, ainda que com medo.
Que, ainda que com medo, eu avance.
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A Viagem
A estação era fria. As pessoas caminhavam lentamente, arrastando pesadas malas. Num repente, comecei a ouvir alaridos de espanto. Uma velha vestida de branco, havia subido à torre do relógio e sem que ninguém soubesse como, sentou-se no ponteiro das horas. Os viajantes, aos poucos, foram abandonando a bagagem, concentrando-se por baixo da torre. Tentavam convencê-la a que descesse e ela recusava, dizendo não ser ainda a hora.
Caminhos de Paz
Uma das coisas mais poderosas que o silêncio pode fazer por nós
é renovar as nossas mentes e corações,
transformá-los numa folha em branco
sobre a qual podemos reescrever a história das nossas vidas.
Repensar o pensamento, redesenhando fronteiras
O nosso pensamento, como toda a entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Desde a mais pequena célula aos organismos maiores, o desenho de toda a criatura pede uma capa, um invólucro separador. A verdade é esta: a vida tem fome de fronteiras. É assim que se passa e não haveria nada a lamentar. Porque essas fronteiras da natureza não servem apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas e permeáveis. São fronteiras feitas para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar. O “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos. Continuar a ler
Fadas: um sonho de infância
Quem nunca quis na sua vida transformar-se em alguém especial, alguém com uma luz diferente e singular? Quem não terá desejado poder criar magia na sua vida, espalhando alegria, bom humor, criatividade, esperança, e todas as capacidades próprias daqueles seres míticos e diáfanos a que chamamos fadas?
Mesmo de forma inconsciente, sonhamos com o regresso ao nosso interior profundo, à casa da Alma, onde residem a Beleza, a Esperança, a Alegria e o Amor, feitos de uma autenticidade que já não somos capazes de encontrar no mundo em que vivemos.
Homem novo
Culturalmente, é mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas. É sempre para que amanhã vivam pacificamente os filhos que hoje são sacrificados os pais… Continuar a ler
A magia da infância
Acredito na magia. Nasci e fui criado num tempo mágico, numa cidade mágica, entre mágicos. Quase ninguém se apercebia de que vivíamos dentro de um círculo mágico, ligados uns aos outros por filamentos de acaso e circunstância. Mas eu sabia que assim era. Continuar a ler
Repensar o pensamento, redesenhando fronteiras
O nosso pensamento, como toda a entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Desde a mais pequena célula aos organismos maiores, o desenho de toda a criatura pede uma capa, um invólucro separador. Continuar a ler
Ecologia espiritual
Ao considerarmo-nos donos e senhores da Terra, arrogamo-nos o direito de a saquear a nosso bel-prazer. A destruição por de mais evidente no solo, na água, no ar, e em todas as formas de vida, é uma consequência da violência presente nos nossos corações. Esquecemo-nos de que nós próprios somos pó da Terra, de que respiramos o seu ar, e de que recebemos vida das suas águas.
Papa Francisco
Será que poderemos lidar de forma eficaz com a verdadeira natureza da tragédia ambiental se o fizermos de uma perspetiva puramente política, económica, ou até ecológica? Continuar a ler
Crise ecológica
Será que as perspetivas política, económica ou ecológica são suficientes para solucionar a verdadeira natureza da tragédia ambiental? Continuar a ler
Uma cultura de devastação
Todos os anos exterminamos comunidades indígenas, milhares de hectares de florestas e até inúmeras palavras das nossas línguas. Continuar a ler
Posso
Hoje levantei-me cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. Continuar a ler
As folhas da tília
Quero explicar-vos, amigos, por que motivo escrevo contos. Até há muito pouco tempo não me apercebera da magia que ficou presa às minhas mãos quando, em menina, brincava com as folhas da tília. Não podia guardar por mais tempo este maravilhoso segredo e por isso aqui deixo a minha história. Continuar a ler
A evolução humana
A evolução humana encontra-se marcada por uma série de diferenciações importantes, que são, ao mesmo tempo, normais e cruciais no contexto do desenvolvimento da consciência. Cada etapa de evolução permite-nos observar as etapas que a precederam, bem como as características que lhe foram adicionadas e que as transcendem. Continuar a ler
O Sentido da Vida
Um dia, quando um sábio passava por uma estrada, deparou com um homem sentado na berma. O homem tinha um ar tão desolado que o sábio se deteve e lhe perguntou: Continuar a ler
Aprender a desligar: telemóveis e empatia
Algumas pesquisas recentes demonstram que a utilização frequente de telemóveis tem mais impacto na nossa forma de comunicar do que poderíamos supor. Isto acontece porque, mesmo quando não estamos a usá-los, os telemóveis afetam os nossos níveis de empatia. Continuar a ler
A desumanização do humano
Acordo sempre bem cedo e, por força da necessidade de me ver integrada no mundo em que vivo, ligo a TV, enquanto a água ferve para o café da manhã: Continuar a ler
Floco de Neve
Recantos, cantos e encantos…
Um raio de sol entrava pela varanda aberta da sala e pousava o seu brilho intenso sobre a estante que, de alto a baixo, forra de livros uma das paredes do corredor quase sempre sombrio . Continuar a ler
Lagares
Doçura
Anita vende a doçura em frascos.
Enche-os de compota de fruta, tapa-os e cola-lhes uma etiqueta, mas, em vez de escrever compota disto ou compota daquilo, de mirtilos ou de pêssego, de marmelo ou de morango, arredonda a letra e escreve apenas Doçura. Senta-se no passeio com os frascos defronte, expostos no asfalto, junto aos pés, e não lhe faltam clientes. A compota vende-se muito bem e ninguém regressa para reclamar: quem compra julga que a doçura está toda nos olhos de Anita. Continuar a ler
Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. Continuar a ler