Arquivo da Categoria: poesia
Natal é uma voz circular
Uma forma de magia
Sonho
Pão e poesia

Na minha escola havia uma matéria chamada “Biblioteca”, adorada por todos os alunos.
O motivo de tanta adoração não é esse que a nossa esperança literária acalenta, o amor pela leitura. Era de outra ordem: o amor pelo ócio. Ou melhor, pela liberdade, para não soarmos tão vagabundos. Durante uma hora, não precisávamos copiar textos do quadro, nem fazer exercícios, nem decorar regras e sistemas, nem nada. Estávamos livres. Era assim, ao menos, que a maioria compreendia a matéria. Íamos para a biblioteca, e folheávamos revistas, e batíamos papo, e cantávamos baixinho, e dormíamos.
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Estrela amarela
O binómio
Quem sabe um dia a vida tenha sido
a duas cores
duas
das que se guardam no arco-íris
Cena familiar
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Fim do ano
Continuar a ler em Uma reflexão por dia II
Os meus amigos
Natal…
Natal
Da devastação
primeiro
negociaram o fim da agricultura
de subsistência; e os pequenos
agricultores como já não precisavam
do estrume
para adubar os campos (com as leiras
abandonadas ou em pousio)
venderam o gado
e o tojo que ano após ano era cortado
para a cama dos animais
começou a crescer abundantemente
nos matos e ao redor das casas;
Conto de fadas
Ao entardecer, o Guadiana
Ó África, pátria do mundo
Ó África Pátria do Mundo
Enquanto te espreguiças
Numa letargia sem fim
O Mundo lá fora implacável
Prossegue
Na senda auto-destrutiva
Do Planeta e de Ti
Aldeia
recordo os abraços de mãe
nas noites de trovoada
e de lhe perguntar se aquela chuva toda
ia inundar o mundo.
recordo aquela manta que servia toda a família
quando chegava a hora da novela.
e aqueles passeios pelo campo
sem destino ou direcção.
Azul
Não borboletarás
Não é certo fazer pacto com borboletas.
Não acho certo.
Deveria ser crime
Prosear com passarinhos
Ou observar detidamente
A gota de orvalho
Em meio às pétalas entreabertas da aurora. Continuar a ler
Canção da infância
Cercas
No meu país, as cercas
são visíveis e inúteis.
Na infância, rouba-se fruta
do quintal alheio, as goiabas
do vizinho mais gostosas.
Morte de boa boca
Caem mais soldados numa só batalha
Que narcejas em muitas batidas de caça.
Através de despachos numerados
O general calcula em dezenas de milhar
Os caídos do dia
Estabelecendo listas e estatísticas.
Podes?
Podes vender-me o ar que passa entre os teus dedos,
te golpeia o rosto e desalinha os cabelos?
Acaso podes vender-me cinco moedas de vento?
Ou talvez uma tormenta?
Vender-me-ias ar puro – não todo –
o que percorre o teu jardim de flor em flor
e sustém o voo dos pássaros?
Dez moedas de ar puro, podes vender-me?
Ao encontro da natureza
Carnaval
Eu sou pelas árvores
Cada árvore é um ser
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Mar
Violetas
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Sem sombra
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Só por um momento
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Por ora
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A minha casa
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Digo mãe
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A magnólia
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Teologal
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Plantar e colher
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Mário Quintana – Escritos
Uma gota de água
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No Vale Encantado
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Que eu saiba as minhas asas
Que eu saiba as minhas asas, ainda que com medo.
Que, ainda que com medo, eu avance.
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O Limpa-palavras
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
As casas
Há sempre um deus fantástico nas casas
Em que eu vivo. E em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços.
Libertar o grito
Metamorfoses da casa
Ergue-se aérea pedra a pedra
a casa que só tenho no poema.
A casa dorme, sonha no vento
a delícia súbita de ser mastro.
Não quero, não
Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.
Quero um cavalo só meu,
seja baio ou alazão,
sentir o vento na cara,
sentir a rédea na mão.
Um amor mais forte
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Bicicleta de recados
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir a minha canção.
Grinaldas de vida
Em grinaldas de vida
o ritmo
ondeante
da ramagem. Continuar a ler