Arquivo da Categoria: pedagogia
Uma sociedade moderna
A ética do cuidado
Vamos crescer com o livro
Na minha primeira infância, gostava de construir casas com pequenas peças e toda a espécie de brinquedos. Usava muitas vezes um livro ilustrado a fazer de telhado.
Nos meus sonhos, entrava na casa, deitava-me na cama feita com uma caixa de fósforos e olhava para cima, para as nuvens ou para as estrelas do céu.
A criança no sótão
Vou chamar-lhe Walter, embora esse não seja o seu verdadeiro nome.
Walter era uma criança esperta que não se empenhava muito nos estudos.
Um dia, a sua vida mudou radicalmente. O pai abandonou-o e aos irmãos, deixando a mãe com três rapazes para cuidar. Como o Estado não fornecia qualquer tipo de apoio a mães trabalhadoras, a mãe de Walter trabalhava em vários lados a fim de assegurar o sustento dos filhos. À medida que as férias grandes se aproximavam, começou a preocupar-se com os perigos a que os filhos estariam sujeitos ao vaguear pelas ruas enquanto ela trabalhava. Continuar a ler
O presente do “Cara-Feia”
A mãe estava sentada na cadeira de imitação de cabedal, no consultório médico, a mexer nas unhas com nervosismo. Rugas de preocupação sulcavam-lhe a testa, enquanto olhava para Kenny, de cinco anos, sentado no tapete à frente dela.
«Ele é pequeno para a idade e muito magro», pensou. O cabelo louro do menino caía-lhe macio e liso sobre as orelhas. Ligaduras de gaze branca envolviam-lhe a cabeça, tapando-lhe os olhos e prendendo-lhe as orelhas.
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Simples caixas de madeira
Suponho que todas as pessoas têm um Natal de infância especial que se destaca de todos os outros. Quanto a mim, foi o ano em que a fábrica Burlington, em Scottsboro, fechou. Eu era apenas uma criança. Não poderia indicar o ano exato; é uma mancha nebulosa na minha mente, mas os acontecimentos desse Natal estão para sempre vivos no meu coração.
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Histórias lidas
Conto de fadas
Memórias e malmequeres
Já vi coelhinhos fofos bem cedo pela manhã e cheirei o perfume de doninhas através da janela do meu quarto à noite. Assisti, impotente, ao voo picado de um bando de pássaros sobre os meus legumes quase prontos a comer e tentei, vezes sem conta, criar uma horta. Dir-se-ia que, quando a colheita começa a ficar pronta e eu começo a antecipar o sabor dos frutos do meu trabalho, tudo acaba por desaparecer.
Contudo, não posso queixar-me, pois, quando era criança, estraguei alguns jardins…
Lembro-me do verão dos meus seis anos. Era o último verão de liberdade antes de entrar para a escola. Os meus amigos e eu passávamos dias ociosos na piscina ou a construir fortes, e costumávamos acabar por invadir o jardim de uma vizinha.
Arcos de beleza
Há muitos e muitos milhares de anos, a poesia aproximou-se do homem e tão próximos ficaram, que ela se instalou no seu coração. E começaram a ver o mundo conjuntamente estabelecendo uma inseparável relação que perdurará para sempre.
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Conflitos e discriminação
No Vale Encantado
No Vale Encantado quem sorrir
bebe a luz do luar
ventos de cereja
e sons de risada de irmão
mil estrelas de bombons
frutas de perdão
hálito de oásis
flor de afago no chão Continuar a ler
Nascemos para o amor
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Carrego a alma pesada
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Descobrindo a infância
Bater no fundo
– Estavas a tentar magoar-te, Tracy?
Os meus pulmões contraíram-se, o meu rosto ruboresceu e perdi o folgo. Em quê que me tinha metido? O rosto da assistente social aproximou-se e ela repetiu a questão várias vezes. Os seus olhos atentos observavam a minha alma e pareceu-me que conseguia ler os meus pensamentos. Sim, eu estava a tentar magoar-me a mim própria. Continuar a ler
Os ratinhos da Ópera
Era uma vez uma família de ratinhos que vivia num sótão, em Paris. Podia ser num outro sótão qualquer, mas não: era no da Ópera! Os ratos, segundo dizem, são extremamente inteligentes, mas não se disse ainda até que ponto têm ouvido musical. Estes ratinhos tinham escolhido aquela residência porque podiam ouvir música por uma boca de ventilação. Como se sentiam felizes a ouvir as suas melodias preferidas, de mãos erguidas como se estivessem a rezar! O pai, a mãe, os avós e as duas meninas… Continuar a ler
Pauzinhos de marfim
Na China antiga, um jovem príncipe resolveu mandar fazer, de um pedaço de marfim muito valioso, um par de pauzinhos. Quando isto chegou ao conhecimento do rei seu pai, que era um homem muito sensato, este foi ter com ele e explicou-lhe:
— Não deves fazer isso, porque esse luxuoso par de pauzinhos pode levar-te à perdição! Continuar a ler
Álcool
Cresci numa pequena cidade bem próximo de Savannah, na Georgia, onde ninguém fechava as portas à chave durante a noite e a maior diversão era a noitada de futebol na escola secundária todas as sextas-feiras. O único crime de que se falava era a ocasional multa por excesso de velocidade e talvez, muito de vez em quando, estourasse uma briga ao sábado à noite no único bar da cidade. É uma cidade pequena e sossegada, onde os pais querem criar os filhos longe do crime e dos perigos de uma cidade grande, e onde os adolescentes sonham em partir à procura de algo maior e melhor. Continuar a ler
Uma colcha com história
Quando a minha bisavó Anna veio para a América, trazia o mesmo espesso casacão e as botas altas que usava no trabalho rural. Mas a família deixou de trabalhar a terra. Em Nova Iorque, o pai passou a carregar coisas para uma camioneta, e o resto da família fazia flores artificiais o dia todo.
Todos tinham pressa, e havia sempre tanta gente na cidade! Não se comparava com a Rússia. Mas agora, esta era a sua casa, e a maioria dos vizinhos era exatamente como eles. Continuar a ler
Mãe solteira e trabalhadora
Nos finais dos anos 90, a vida não tinha muito para me oferecer. Para falar francamente, estava quase sempre cheia de medo. Tinha duas filhas pequenas, três doenças incuráveis e estava sozinha. Não nascera sob bons auspícios e ainda não tinha conseguido dar a volta. Continuar a ler
Janelas
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Continuar a ler
A Terra do Nunca
A última parte das suas vidas passaram-na numa rua sem saída. Tinham trabalhado para conseguir a sua casa, sonhado com ela uma vida inteira, poupado para ela uma vida inteira. Era pequena, acanhada e mal dividida. Os condutores que entravam no minúsculo jardim da frente só conseguiam sair de marcha-atrás e com dificuldade. Era a última casa do lado direito, no final do beco estreito. Continuar a ler
Perfume
Ao mesmo tempo que floresce a indústria dos perfumes, Continuar a ler
Quatro pés, duas sandálias
Lina correu descalça até à entrada do campo, onde funcionários da assistência internacional lançavam roupas usadas das traseiras de um camião. Toda a gente se empurrava e lutava pelas melhores roupas. Lina acocorou-se e esticou-se, apanhando tudo aquilo que podia. Continuar a ler
Revelação
Não há pressa, não há horas. Continuar a ler
O menino que escrevia versos
— Ele escreve versos!
Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha. Continuar a ler
Tomar posição
É particularmente importante tomar-se posição pelos direitos dos animais,
porque os animais não podem falar por si mesmos.
A árvore Emily
As crianças não te recordarão pelas coisas materiais que lhes proporcionaste,
mas pelos sentimentos que com elas partilhaste.
Gail Sweet
O dia começou como muitos outros. Eu andava sempre a correr, tentando fazer muito mais do que cabia nas vinte e quatro horas do dia, não dando atenção a ninguém ou a nada. Parecia que os filhos estavam sempre a ensarilhar-se nos meus pés e, aos quatro anos e aos dezoito meses de idade, claro que estavam, outra coisa não seria de esperar. Continuar a ler
O génio do riquexó
Chen era dono de muito pouco.
O riquexó de palhinha era a sua verdadeira riqueza pois, devido a ele, podia comprar uma tigela de arroz e, às vezes, conserva de carne com gengibre. Tinha ainda um grande chapéu que servia também de guarda-chuva. E, por último, dispunha de uma cabana de bambu, no alto de uma colina, com vistas para a baía de Hong-Kong.
Uma cabana, é exagero. A casa de Chen resumia-se a três tábuas e a um montão de folhas. Estava encostada ao muro de suporte de uma bela propriedade. Dele saíam ramos de jasmim que, no tempo da floração, ofereciam a Chen uma sombra perfumada. Continuar a ler
A desumanização do humano
Acordo sempre bem cedo e, por força da necessidade de me ver integrada no mundo em que vivo, ligo a TV, enquanto a água ferve para o café da manhã: Continuar a ler
O presente de Natal do Pequeno Anjo
Era uma vez – segundo a contagem do tempo dos homens, há muitos, muitos anos, segundo o calendário do céu, há apenas um dia – um anjinho triste, conhecido em todo o reino celestial por Pequeno Anjo. Continuar a ler
A verdadeira e maravilhosa história do dragão Samuel
Para lá das montanhas onde o dia acaba, por trás da noite e do escuro, num sítio escuro e muito perigoso, fica o terrível país dos dragões. Foi aí que nasceu o pequeno Samuel, que logo revelou ser um dragão muito especial, embora quem o visse pela primeira vez o achasse igualzinho a todos os outros dragões. Continuar a ler
A irritação tóxica
Aquele que domina a sua cólera,
domina o seu pior inimigo.
Confúcio
Todas as nossas emoções existem para serem sentidas. Como parte delas, sentir-se irritado é algo normal e universal. De acordo com a forma como a utilizamos, a irritação pode ser uma emoção geradora de energias ou uma emoção tóxica. Continuar a ler
Inês
Quinta das Lágrimas
Umbrais do passado,
luz e sombra,
o caule
sinuoso
de uma glicínia. Continuar a ler
O macarronete
A Sr.ª Sulzbacher estava de vigia durante o intervalo grande. Do canto do edifício dos quartos de banho, soava em coro: Continuar a ler
O desejo de Ruby
Se caminhar por uma certa rua de uma certa cidade na China, e passar pelo mercado de animais de estimação, com os papa-arroz amarelos e verdes a saltar nas gaiolas de bambu, os peixinhos dourados e as tartarugas de água doce nas taças de porcelana, há-de chegar a um quarteirão de casas. Nesses edifícios, agora castanhos devido à idade e à sujidade, moram muitas famílias. Porém, se olhar com atenção, verá que outrora essas casas eram uma só, uma magnífica casa que pertencia a uma única família. Continuar a ler
Uma estrela
Todos os anos, pelo Natal, eu ia a Belém. A viagem começava em dezembro, no princípio das férias. Primeiro pela colheita do musgo, nos recantos mais húmidos do jardim. Cortava-se como um bolo, era bom sentir as grandes fatias despregarem-se da areia, dos muros ou dos troncos das árvores velhas, principalmente da ameixieira. Continuar a ler
A esperança brilha como um diamante
— Já não se vê a Sr.ª Bravoure ir comprar o jornal.
— A Sr.ª Bravoure tem um ar triste. Compreende-se. Depois do que passou nestes seis meses. Continuar a ler
Mieko e o Quinto Tesouro – Livro de leitura integral
Eleanor Coerr
Para as crianças de Nagasaki
Quando a bomba foi lançada sobre Nagasaki, a aldeia de Mieko ficou em ruínas e a mão da menina ficou gravemente ferida. A maior paixão de Mieko é a caligrafia mas, agora, mal consegue segurar um pincel. Sente, também, com tristeza, que perdeu aquilo que lhe permite pintar: o lendário quinto tesouro, que significa “beleza de coração”. Forçada a ir viver com os avós e a frequentar uma nova escola, a coragem de Mieko é duramente posta à prova. Contudo, a menina aprende que o tempo e a paciência podem ajudá-la muito, inclusive a reencontrar o quinto tesouro.
Continuar a ler em pdf Mieko e o Quinto Tesouro – Eleanor Coerr
A manhã do Dia de Natal
Rob tinha quinze anos e vivia numa quinta. Todas as madrugadas se arrastava para fora da cama para ajudar a mungir. Às vezes, sentia que o esforço era demasiado. Continuar a ler
Doçura
Anita vende a doçura em frascos.
Enche-os de compota de fruta, tapa-os e cola-lhes uma etiqueta, mas, em vez de escrever compota disto ou compota daquilo, de mirtilos ou de pêssego, de marmelo ou de morango, arredonda a letra e escreve apenas Doçura. Senta-se no passeio com os frascos defronte, expostos no asfalto, junto aos pés, e não lhe faltam clientes. A compota vende-se muito bem e ninguém regressa para reclamar: quem compra julga que a doçura está toda nos olhos de Anita. Continuar a ler
A criança e a vida
Companheira do sol e das raízes, cheguei à grande cidade. Numa mão levava o diploma, na outra, o medo. O resto era a história antiga da minha solidão e da minha esperança… Continuar a ler
O dragão azul e o dragão amarelo
No País do Sol Nascente, pelo vigésimo aniversário da sua coroação, o Imperador resolveu decorar a sala do trono do palácio com o mais belo biombo que alguma vez se vira. Convocou assim o pintor mais célebre do Império, que vivia numa gruta longe da cidade. Continuar a ler
As fadas da tia Lúcia
Quando Lourenço, já adulto, regressa à casa de férias da sua infância, as memórias desse tempo trazem, de novo, a magia à sua vida…
Chamo-me Lourenço e acredito em Fadas. Já direi porquê. Continuar a ler
A ladeira
Era uma vez dois homens. Um era alto, outro baixo. Um era gordo, outro magro. Um moreno, o outro ruivo. Um tinha a voz muito grossa e outro uma borbulha na ponta do nariz. Um chamava-se Manuel Francisco e o outro Francisco Manuel. E muito mais coisas poderia dizer de cada um deles. Mas, o fundamental, é que eram muito diferentes um do outro. Só numa coisa se assemelhavam: ambos eram tremendamente teimosos. Continuar a ler
Gratidão: Uma Atitude de Cura
Devo sentir gratidão pela minha vida, ou estou enganado? Devo ver o copo meio-vazio ou meio-cheio?
Posso queixar-me por as roseiras terem espinhos, ou posso estar grato por alguns arbustos espinhosos darem rosas. A nível intelectual, as duas atitudes são equivalentes. Mas, na vida real, faz uma enorme diferença escolhermos uma ou outra. Continuar a ler
O ladrão de bolachas
Um dia, uma senhora teve de ficar à espera num aeroporto porque o voo tinha algumas horas de atraso. Foi a uma das lojas à procura de um livro, e comprou também um saquinho de bolachas. Depois, sentou-se a ler.
Apesar de estar envolvida na leitura, apercebeu-se de que o homem sentado ao seu lado, atrevido até mais não, tinha tirado uma ou duas bolachas do saquinho que estava pousado entre os dois. Mas, para evitar uma cena lastimável, decidiu fazer vista grossa. Continuar a ler
Ler ou não ler…
Não é necessário queimar-se livros para se destruir uma cultura.
Basta que as pessoas não os leiam.
Ray Bradbury