Torey Hayden
A criança que não queria falar
Lisboa, Editorial Presença
Esta é a história verídica e comovente da relação entre uma professora que ensina crianças com dificuldades mentais e emocionais, e a sua aluna Sheila, de seis anos, abandonada por uma mãe adolescente e que até então apenas conhecera um mundo onde fora severamente maltratada.
Excerto
A criança que não queria falar
CAPÍTULO 5
No dia seguinte, decidi que chegara a altura de Sheila participar. O autocarro que a trazia deixava-a em frente do liceu a dois quarteirões e, portanto, Anton fora buscá-la para a trazer até à nossa escola. Quando chegaram, Sheila despiu o casaco e dirigiu-se logo à sua cadeira.
Aproximei-me e sentei-me, explicando que nesse dia lhe seria pedido que fizesse algumas coisas. Examinei o horário do dia com ela e disse-lhe que esperava que se nos juntasse para todas as actividades como no anterior e que esperava igualmente que resolvesse alguns exercícios de cálculo para mim na hora da matemática. Acrescentei que nas tardes de quarta-feira cozinhávamos sempre e, portanto, queria que ela nos ajudasse a fazer bananas com chocolate. Era suposto que fizesse estas duas coisas.
Observou-me enquanto eu falava, com os olhos reflectindo a mesma desconfiança do dia anterior. Perguntei-lhe se compreendia o que eu desejava. Não respondeu.
Durante a discussão da manhã, Sheila juntou-se-nos quando lhe fiz o pedido com um olhar severo. Sentou-se aos meus pés sem fazer nada. O cálculo foi outra história. Eu planeara fazer umas contas simples. Portanto, tirei os cubos da gaveta e disse-lhe para que se aproximasse. Permaneceu no sítio onde estivera para a discussão da manhã.
— Sheila, chega aqui, por favor — pedi indicando-lhe a cadeira de que ela tanto gostava. — Vá lá.
Ela não se mexeu. Anton começou a preparar-se cautelosamente para a apanhar, se ela se esquivasse ante a minha aproximação. Ela apercebeu-se logo do nosso plano e entrou em pânico. Esta criança tinha a fobia da perseguição. Com um grito selvagem, pôs-se a correr, derrubando os colegas e os seus trabalhos, naquela fuga. Contudo, Anton estava muito perto e apanhou-a quase de imediato. Arranquei-a aos braços dele.
— Quando te agarramos, não é para te fazer mal, querida. Não percebes? — Sentei-me com ela, abraçando-a com força, pois ela debatia-se. Escutava-lhe a respiração ofegante e receosa.
— Calma, gatinha.
— Eh, malta — gritou Peter, encantado. — Agora, temos de portar-nos todos bem. — Aquelas pequenas cabeças inclinaram-se sobre os cadernos e Tyler levantou-se, solícita, para inspeccionar o trabalho de Susannah e Max.
Sheila retomou a gritaria, com o rosto afogueado. Mas não chorava. Agarrando-a no colo, espalhei os cubos. Alinhei-os, cuidadosamente, enquanto esperava que ela se acalmasse. — Ouve. Quero que contes uns cubos.
Ela gritou ainda mais alto.
— Conta três para mim. — Ela continuava a tentar soltar-se.
— Vou ajudar-te — prossegui, dirigindo a mão renitente para os cubos. — Um, dois, três. Agora, tenta tu.
Ela agarrou inesperadamente num cubo e atirou-o, com toda a força, pela sala. Num abrir e fechar de olhos, pegou num outro, que atingiu Tyler na testa. Tyler soltou um gemido.
Imobilizei o braço de Sheila contra ela e levantei-me, arrastando-a para o canto.
— Aqui não fazemos essas coisas. Ninguém se magoa uns aos outros. Quero que te sentes nesta cadeira até acalmares e poderes voltar a trabalhar — disse, ao mesmo tempo que fazia sinal a Anton para que se aproximasse. — Ajuda-a a ficar na cadeira, se for preciso.
Voltei para junto das outras crianças, esfreguei a testa dorida de Tyler e elogiei todos por se terem mantido ocupados. Colocando uma marca no placard para indicar a nossa aproximação do gelado de sexta-feira, instalei-me junto de Freddie e ajudei-o a empilhar os cubos. No canto, o diabo andava à solta. Sheila gritava selvaticamente, dando pontapés na parede com os ténis e balançando a cadeira. Anton mantinha um silêncio sombrio, conservando-a firmemente no sítio.
Durante todo tempo reservado ao cálculo, Sheila continuou a armar confusão. Quando o recreio já começara há meia hora, estava cansada de dar pontapés e de lutar. Aproximei-me.
— Estás pronta para vires fazer os exercícios comigo? — perguntei. Ela fitou-me e emitiu um grito furioso e sem palavras. Anton deixara de a agarrar, segurando apenas a cadeira, e fiz-lhe sinal para que se ocupasse dos outros. — Quando estiveres disposta para fazer os exercícios, podes vir. Até lá, quero-te nessa cadeira. — Em seguida, virei costas e afastei-me.
O facto de ficar completamente só sobressaltou-a por um instante e deixou de gritar. Quando tomou consciência de que nem Anton nem eu estávamos por perto para a manter na cadeira, levantou-se.
— Estás pronta para o cálculo? — inquiri do outro lado da sala, onde estava a ajudar Peter a construir uma auto-estrada com os cubos.
— Não! Não! Não! — gritou com uma expressão furiosa.
— Nesse caso, volta a sentar-te.
Guinchou de raiva e a sua repentina mudança de volume fez com que todos parassem. Contudo, ela manteve-se ao lado da cadeira.
— Mandei-te sentar, Sheila. Não podes levantar-te até estares pronta para fazeres os exercícios.
Durante o que me pareceu uma eternidade, gritou com tanta força que senti a cabeça a latejar. Depois, repentina e surpreendentemente, reinou a calma e fulminou-me com o olhar. Um ódio tão visível retirou-me a pouca autoconfiança que tinha em relação ao que estava a fazer.
— Senta-te nessa cadeira, Sheila.
Ela obedeceu. Virou a cadeira de forma a poder observar-me, mas sentou-se. Depois, retomou a gritaria. Emiti um profundo e íntimo suspiro de alívio.
— Sabes, Torey, acho que desta vez devíamos ganhar dois pontos por bom comportamento — declarou Peter, fitando-me. — Ela é difícil de ignorar.
— Acho que tens razão, Peter — anuí com um leve sorriso. — Isto vale dois pontos.
Sheila gritou e berrou durante todo o tempo das actividades. Havia uma hora e meia que continuava aquela barulheira. Batia com os pés no chão e balançava a cadeira. Puxava pela roupa e agitava os pulsos. Contudo, manteve-se na cadeira.
Quando chegou a hora do recreio, estava rouca e tudo o que vinha do canto eram leves grasnidos abafados. No entanto, a sua raiva não diminuíra e os grasnidos de fúria continuaram. Permaneci na sala, enquanto Anton levou os outros para o recreio. Tal aumentou a agitação de Sheila durante uns momentos. Emitiu mais alguns gritos e fez girar a cadeira em todos os sentidos. Estava, porém, a ficar cansada. No final do recreio, tinham deixado de se ouvir quaisquer sons vindos do canto. Sentia a cabeça a latejar.
Não repeti as condições para ela sair do canto. Achava que era inteligente bastante para as saber e não queria dar-lhe mais atenção do que aos outros. As crianças entraram, geladas e de faces afogueadas do recreio, cheias de histórias sobre o jogo da cabra-cega na neve com Anton, que fora sempre apanhado. O período de leitura iniciou-se sem novidade, cada um de nós entregue às suas tarefas, como se o montinho de carne sentado na cadeira, ao canto, não existisse.
Quase no final do período de leitura, senti um leve toque no meu ombro, quando estava a trabalhar com Max. Virei-me e deparei com Sheila, de pé, atrás de mim, a pele manchada de ansiedade, o rosto franzido com aquela expressão desconfiada, que os seus olhos tantas vezes reflectiam.
— Estás disposta a fazer os exercícios?
Premiu os lábios durante um momento e depois assentiu devagar com a cabeça.
— Muito bem. Vou pedir à Sarah que ajude o Max. Vai apanhar os cubos que atiraste ao chão e tira os outros do armário junto ao lava-louças.
Falei-lhe num tom casual e desprendido, como se fosse normal esperar que ela obedecesse, embora sentisse um aperto no coração. Ela fitou-me atentamente, mas em seguida foi fazer o que lhe pedira.
Sentámo-nos juntas na alcatifa e espalhei os cubos.
— Mostra-me três cubos.
Ela pegou em três com gestos cautelosos.
— Mostra-me dez.
De novo, dez cubos foram alinhados na alcatifa na minha frente.
— Boa menina. Conheces bem os números, verdade?
Ela ergueu o rosto com uma expressão ansiosa.
— Vou dificultar a tarefa. Conta-me vinte e sete. — Segundos depois, surgiram vinte e sete cubos.
— Sabes somar?
Ela não respondeu.
— Mostra-me quantos cubos são dois mais dois. — Quatro cubos surgiram sem hesitação. Observei-a durante um momento. — Que tal três mais cinco? — Ela alinhou oito cubos.
Ignorava se ela sabia mesmo as soluções, ou se as ia encontrando. Mas compreendia, sem dúvida, a mecânica por trás da adição. Hesitava quanto a ir buscar uma folha e lápis, dado conhecer a sua tendência para destruir papel. Não queria estragar a nossa frágil e recém-conquistada relação. Mas queria saber como é que ela resolvia os problemas. Portanto, decidi mudar para a subtracção, o que me daria mais indicações.
— Mostra-me três menos um.
Sheila alinhou rapidamente dois cubos. Sorri. Era óbvio que conhecia este problema sem ter de colocar três cubos e tirar um.
— Mostra seis menos quatro.
De novo, dois cubos.
— Eh! És muito esperta. Mas tenho um problema para ti em que vou apanhar-te. Mostra-me doze menos sete.
Sheila ergueu o rosto na minha direcção e um leve vestígio de sorriso brilhou-lhe nos olhos, embora não lhe chegasse aos lábios. Colocou um, dois, três, quatro, cinco cubos em cima uns dos outros. Fê-lo, sem sequer olhar para os cubos. «A diabinha», pensei. Onde quer que tivesse estado nestes últimos anos e o que quer que tivesse feito, também aprendera. Tinha capacidades superiores às de uma criança normal da sua idade. Não hesitara uma fracção de segundo, antes de colocar os cubos. O coração pulou-me de alegria ante a hipótese de ter uma criança inteligente debaixo de toda aquela revolta e sujidade.
Resolveu mais alguns exercícios antes de eu lhe dizer que chegava e ela podia largar os cubos. Agora, era o período de leitura e dissera-lhe, de manhã, que ela não tinha de participar nesta actividade. Levantei-me para me ocupar das outras crianças e Sheila levantou-se também. Foi atrás de mim, sem largar a caixa dos cubos.
— Podes largá-los, se quiseres, querida — disse, virando-me para ela. — Não precisas de andar com eles atrás de ti.
Sheila tinha outras intenções. Quando voltei a erguer a cabeça, ela estava na sua cadeira favorita no canto oposto da mesa com os cubos espalhados na sua frente. Manipulava-os, muito ocupada, fazendo algo, mas eu não sabia o quê.
O almoço pareceu deprimi-la novamente e Sheila regressou ao seu posto na cadeira. No entanto, quando chegou a hora de cozinhar, convencia-a facilmente a aproximar-se, estendendo-lhe uma banana num pau de chupa-chupa.
Todas as quartas-feiras preparávamos algum prato. Organizara esta actividade por várias razões. Para as crianças mais evoluídas, era um bom exercício de cálculo e leitura. Para todos, encorajava a actividade social, a conversa e trabalho de conjunto. Além de que cozinhar era divertido. Uma vez por mês, pegávamos numa receita favorita das crianças e esta tarde era bananas com chocolate, uma receita que consistia em enfiar uma banana num pau, mergulhá-la em chocolate, enrolá-la numa cobertura e pô-la a congelar.
Para simplificar as coisas, resolvera não experimentar uma receita nova no primeiro dia de Sheila e as bananas com chocolate eram um bom recurso. Quase todas as crianças conseguiam manejar os ingredientes sem ajuda. Até mesmo Susannah conseguia fazer tudo, sob a supervisão atenta de Max e Freddie. Havia, obviamente, chocolate por tudo o que era sítio e uma boa parte das coberturas era devorada antes de encontrarem uma banana onde a colocarem, mas passávamos momentos maravilhosos.
Sheila hesitou em juntar-se-nos, agarrando a banana com firmeza e olhando de lado os outros, que tagarelavam alegremente. Contudo, não ofereceu resistência e Whitney atraiu-a até junto do molho de chocolate, quando todos já haviam acabado. Depois de começar, Sheila absorveu-se por completo na tarefa e começou a tentar enrolar quatro coberturas diferentes na sua pegajosa banana.
Eu observava-a do canto oposto da mesa. Nunca falou, mas tornou-se visível que ela tinha ideias muito claras quanto a fazer que as coberturas colassem, voltando a mergulhar a banana no chocolate depois de a envolver em cada cobertura. As outras crianças começaram a parar uma a uma para a observar enquanto ela experimentava a sua ideia. As vozes transformaram-se num sussurro, à medida que a curiosidade levava a melhor. Enrolando a grande e pegajosa massa no prato com a última cobertura, ergueu-a com cuidado. Os seus olhos encontraram os meus e um sorriso estampou-se-lhe devagar no rosto e atravessou-o de um lado ao outro, mostrando os espaços onde lhe faltavam os dentes de baixo.
No final de cada dia tínhamos actividades que, à semelhança do tópico da manhã, se destinavam a unir-nos e a preparar-nos para o tempo de separação. Uma delas era a Caixa do Duende.
Eu adorava inventar histórias para contar às crianças e dissera-lhes, uma vez, no início do ano, que os duendes eram como fadas, mas viviam nas casas das pessoas e cuidavam das coisas, enquanto elas dormiam. Peter sugerira que talvez houvesse um duende na nossa sala que cuidava das nossas coisas e fazia companhia durante a noite a Benny, Charles e Onions, o coelho irascível. Tal deu azo a uma série de histórias sobre o nosso duende.
Assim, um dia, eu trouxe uma grande caixa de madeira e expliquei às crianças que era este o sítio onde o duende passaria a deixar mensagens. Garanti que ele nos vira a trabalhar e ficara muito satisfeito ao verificar como todos na sala se iam tornando bons e ponderados. Por conseguinte, sempre que assistisse a uma boa acção, deixaria uma mensagem na caixa.
No final de cada dia, eu lia, portanto, os bilhetes da Caixa do Duende. Passados uns dias, disse-lhes que o duende estava a ficar com cãibras e precisava de uma ajuda, porque havia tantos a praticar boas acções. Pedi aos miúdos que estivessem de olho nas boas acções dos outros, escrevessem um bilhete e o metessem na caixa, ou, caso não soubessem escrever, viessem ter comigo e eu escreveria por eles.
Foi assim que começou a funcionar um dos nossos mais populares e eficazes exercícios. Todas as noites havia cerca de trinta bilhetes das crianças sobre boas acções que observavam nos companheiros. Tal não só encorajava as crianças a observarem comportamentos positivos nos outros, mas também rivalizavam em bondade com a esperança de verem o seu nome aparecer na caixa ao fim do dia.
Alguns bilhetes eram tradicionais, mas outros denotavam especial perspicácia no elogio de uma criança devido a pequenos mas significativos actos, às vezes por coisas que nem eu havia notado. Por exemplo, Sarah foi elogiada por não ter usado um seu palavrão favorito durante uma discussão e Freddie foi elogiado por procurar um lenço de papel, em vez de se assoar à camisa.
Eu adorava abrir a caixa todas as noites, pois raramente contribuía para ela, à excepção de me certificar de que todos recebiam, pelo menos, um bilhete. A emoção de ver o que as crianças haviam observado era algo excitante. E confesso que também me agradava encontrar um bilhete que me fosse dirigido.
A leitura das mensagens, depois de cozinharmos na quarta–feira, foi particularmente agradável, porque, pela primeira vez, apareceu o nome de Sheila escrito com uma caligrafia que não era a minha. Sheila, que se mantinha sentada longe de nós, conservou a cabeça baixa, enquanto as outras crianças batiam palmas de satisfação com as suas mensagens. Contudo, aceitou prontamente os bilhetes, quando lhos entreguei.
Anton acompanhou as outras crianças até aos autocarros quando as aulas acabaram. Sentei-me à mesa para classificar uns papéis e actualizar uns gráficos de comportamento que estava a elaborar sobre algumas crianças.
Sheila fora à casa de banho para limpar os restos de banana com chocolate da cara. Já se mantinha lá há algum tempo e eu embrenhara-me no meu trabalho. Ouvi o som do autoclismo e ela saiu. Não levantei a cara, porque estava a completar o traçado de uma curva com um marcador e não queria cometer um erro. Sheila aproximou-se da mesa e observou-me por um momento. Depois, chegou-se mais, apoiando os cotovelos em cima da mesa e inclinando-se de forma a ficarmos apenas uns centímetros separadas. Ergui os olhos e fitei-a. Ela examinou atentamente o meu rosto.
— Por que é que as outras crianças não vão à sanita?
— O quê? — retorqui, surpreendida.
— Disse por que é que os outros, embora sejam crescidos, fazem nas calças e não na sanita?
— Bom. É uma coisa que ainda não aprenderam.
— Como assim? São grandes. Mais crescidos que eu.
— Bom, ainda não aprenderam. Mas estamos a trabalhar nisso. Todos estão a tentar.
Sheila baixou os olhos para o gráfico que eu estava a traçar. — Mas já deviam ter aprendido — insistiu. — O meu pai dava-me uma grande tareia se eu fizesse isso.
— Toda a gente é diferente e aqui ninguém apanha.
Ficou pensativa durante um longo momento e traçou um pequeno círculo na mesa com o dedo.
— Isto é uma sala de malucos, não é?
— Não propriamente, Sheila.
— O meu pai diz que sim. Diz que sou maluca e que me puseam numa aula para crianças malucas. Diz que isto aqui é uma sala para crianças malucas.
— Não propriamente.
— Não me interessa muito — retorquiu, depois de uma pausa com a testa franzida. — Este sítio é tão bom como qualquer outro onde estive antes. Não me interessa que seja uma sala de malucos.
Fiquei um pouco à toa, sem saber como negar o óbvio. Não esperara ver-me envolvida com uma das minhas crianças neste tipo de discussão. A maioria não era coerente bastante para ter essa percepção nem suficientemente corajosa para o afirmar.
— Tu seres maluca? — perguntou Sheila, coçando a cabeça e olhando-me com um ar pensativo.
— Espero que não. — Ri-me.
— Como é que fazes isto?
— O quê? Trabalhar aqui? Porque gosto muito de meninos e meninas e acho que ensinar é divertido.
— Como é que estás com crianças malucas?
— Porque gosto. Ser louco não é mau. E apenas diferente, nada mais.
Sheila abanou a cabeça sem sorrir e endireitou-se.
— Acho que também seres maluca — concluiu.