
Quando nos damos conta de que beleza e verdade são uma só, a bondade, a felicidade e o bem-estar fluem naturalmente nas nossa vidas. Assim sendo, compreendemos melhor por que razão, sempre que a verdade e a beleza estão presentes na vida humana, a harmonia e a totalidade, a felicidade e a alegria, a integridade e o equilíbrio ocorrem automaticamente.
Daí que a injustiça social, a degradação ambiental, os conflitos religiosos e raciais, o terrorismo e as guerras se apresentem como fontes de profunda fealdade, pois revelam uma rotura na verdadeira relação entre o indivíduo e a sociedade, entre o produtor e o consumidor, entre governantes e cidadãos, e entre a humanidade e o mundo natural.
A globalização da economia, a industrialização da manufatura e a militarização dos estados-nações transformam situações más em situações ainda piores, dado que minam a relação correta entre os diversos grupos humanos, entre os seres humanos e o planeta Terra, e entre os elementos que constituem a biodiversidade natural. O resultado de tudo isto é uma humanidade infeliz, desigual, insegura e descontente, que vai de par com uma natureza poluída, depauperada, contaminada e exausta. Esta não é, decididamente, a bela utopia que o século XX nos prometeu.
A beleza é o princípio original e fundamental do universo e baseia-se numa relação harmoniosa entre a totalidade do ecossistema. Contudo, em virtude da nossa busca de um crescimento económico ilimitado e contínuo, de um consumismo sem barreiras, e de um materialismo sem sentido, a humanidade embarcou num assalto suicida à nossa magnífica biosfera. Se quisermos evitar as catastróficas consequências da degradação ecológica, temos de partir em busca da beleza e não do crescimento económico. Temos de restabelecer a integridade dessa comunidade biótica que é a terra.
Isto só pode ser feito se honrarmos e celebrarmos a beleza sublime da natureza, e se nos reencantarmos com a cor, a luz, a magia e o mistério do universo. Podemos restaurar a beleza do mundo humano através da salvaguarda da beleza do mundo natural. A origem do desespero humano reside na destruição da beleza selvagem da natureza. A regeneração da alma humana reside na nossa capacidade para nos encantarmos de novo com essa mesma beleza.
Satish Kumar & John Griffin