No meu país, as cercas
são visíveis e inúteis.
Na infância, rouba-se fruta
do quintal alheio, as goiabas
do vizinho mais gostosas.
Após a colheita das chuvas
põe-se alguidares
com mangas
em cima dos muros baixos
dádiva à gula de quem passar.
Embrulhos de café e açúcar
vasilhas de ovos e azeitonas
cruzam as cercas pro forma
em vaivéns fraternos.
Neste país de jardins abertos
e altos muros de reservas
as cercas estão fincadas
no coração dos homens.
Astrid Cabral