A árvore dos lamentos

árvore da vida 3m

Numa pequena aldeia da Polónia vivia um rabino dotado de grande sabedoria. Os seus seguidores gostavam muito dele e vinham contar-lhe os seus desgostos com frequência. Passado algum tempo, o rabino cansou-se de ouvir as pessoas dizerem que os seus infortúnios eram maiores do que os dos seus vizinhos. Estavam sempre a fazer perguntas do género “Por que não sofre ele como eu sofro?”;“ Por que não tem ela um marido enervante como o meu?”; “Por que não tem ele uma mulher preguiçosa como a minha?”; “ Por que não tem ela dores de costas?”; “ Por que não vivem os filhos dele em casa sem contribuírem para as despesas como os meus fazem?”
Os queixumes continuaram de tal forma que o rabino teve uma ideia e anunciou a todos que iria ser celebrado um novo feriado.
─ Tragam os vossos infortúnios todos. Tragam-nos num saco com o vosso nome e pendurem-no na árvore grande que está no centro da aldeia. Assim, todos poderão trocar os seus fardos pelos dos vizinhos.
Os aldeões ficaram todos excitados, a pensar no quão mais fáceis as suas vidas iriam ser no futuro. Quando o dia chegou, colocaram-se todos debaixo da árvore com os sacos na mão. Ataram-nos aos ramos baixos com pedaços de corda para que as outras pessoas os pudessem inspecionar.
─ Agora ─ anunciou o rabino numa voz pomposa ─ podem examinar os sacos e ver que fardos dos vossos vizinhos querem levar para casa em troca dos vossos.
Os aldeões precipitaram-se para a árvore e começaram a vasculhar nos sacos. Uns após outros, todos foram revistados. Os aldeões continuavam a circular.
Finalmente, mais cansados e mais sábios, pegaram cada um no seu saco e foram para casa. O rabino sorriu. Tal como ele esperava, os aldeões tinham visto os infortúnios dos outros e tinham decidido não trocar os seus problemas pelos deles. Os seus, pelo menos, já lhes eram familiares.

(tradição judaica)

Elisa Davy Pearmain (edited by)
Doorways to the soul
Cleveland, The Pilgrim Press, 1998
(Tradução e adaptação)

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