No meu último ano do secundário, descobri a cerâmica. Sempre me interessei por arte, mas só quando me inscrevi em aulas de cerâmica é que compreendi a paixão que tinha por esta área. À medida que o ano avançava, mais me apercebia do meu potencial. O meu professor, o Dr. Yoshida, encorajava-me sempre.
Ensinaram-nos a centrar o barro na roda. Centrar o barro não só tornava o processo de fabrico de um vaso mais fácil, como também nos ajudava a impedir que a nossa peça oscilasse. Lembro-me que um dia tive dificuldades em centrar o barro e quis desistir. O Dr. Yoshida aproximou-se de mim e disse:
— Centra a tua vida.
Só dois anos depois é que compreendi o verdadeiro significado desta frase.
Corria o mês de dezembro e eu estava com alguns amigos, a beber, a conversar e a celebrar as férias de inverno. Foi então que tomei a decisão de conduzir até casa depois de ter bebido bastante. Acabei por ser detido e só consigo lembrar-me de ver os meus pais a chorar e à minha procura no carro da polícia. Fui preso por condução sob o efeito de álcool, posse de substância controlada e de bilhete de identidade falso, entre outras acusações. Fui levado para a prisão e acusado imediatamente. Na prisão, tive muito tempo para refletir no que tinha feito e em como o meu comportamento estava a afetar-me não só a mim, mas também à minha família.
Quando fui libertado sob fiança, regressei a casa. Enquanto estava deitado na cama, a frase do Dr. Yoshida, “Centra a tua vida.”, ecoava dentro da minha cabeça como um sino de igreja numa manhã de domingo. Ele não estava apenas a falar de cerâmica; estava a transmitir-me uma lição de vida.
Não tinha compreendido o poder da frase. Pensei que só se aplicava ao barro que estava à minha frente. Era fácil conseguir liberdade e felicidade temporárias, mas a verdadeira felicidade é bem mais difícil de obter. Tinha de abandonar uma vida sem sentido, de forma a poder “centrar a minha vida.”
Agora, esforço-me por utilizar a minha experiência como fator de motivação para outros jovens, para lhes mostrar que pessoas boas podem fazer coisas más. O que fazemos, depois, das coisas más é que nos ajuda verdadeiramente a “centrar a nossa vida”.
Thomas Schonhardt