A Viagem de Chase

Quando o meu pai e a minha madrasta souberam que não podiam ter um bebé, decidiram tornar-se uma família de acolhimento. A ideia de dar uma família a uma criança e, ao mesmo tempo, permitir que a nossa crescesse era precisamente aquilo que procurávamos. Passados muitos meses, Chase, um menino de dois anos, entrou nas nossas vidas.

No início, estava muito cética. Um estranho vinha morar na minha casa e fazer parte da minha família. Não sabia se estava pronta para uma mudança tão drástica.

Depois do primeiro mês, apaixonei-me por Chase. Era muito amoroso e cheio de alegria. Mal chegava a casa, ia procurá-lo e dar-lhe um grande abraço. As tarefas normalmente sujas, tais como o banho ou a mudança de fraldas, tornaram-se uma oportunidade de tempo extra com ele, que eu não podia perder por nada deste mundo. Ele cresceu e aprendeu connosco. Ensinei-lhe o que pude e brinquei com ele sempre que tive oportunidade. Tornou-se meu irmão, como se fosse biológico.

Depois, os serviços sociais ligaram.

Chase deixou-nos em dezembro de 2007. Fiquei destroçada. Nunca me senti tão magoada em toda a minha vida. Lembro-me desse dia como se fosse ontem. Sentei-me com ele no seu quarto na noite anterior, aproveitando até ao último minuto o tempo que nos restava. Chase, alheio ao que iria acontecer na manhã seguinte, sorriu, riu e acabou por adormecer.

Na manhã seguinte, acordei-o e preparei-o, para estarmos juntos o mais tempo possível. Quando a assistente social chegou e o levou, parece que tudo aconteceu num instante. Num minuto, estava sentado no meu colo a rir; no minuto a seguir, eu estava sozinha. Não havia mais tempo para brincar com ele, ensinar-lhe coisas ou amá-lo.

Durante a semana seguinte, chorei até adormecer, mas depois a dor começou a acalmar. Às vezes, quando vejo a sua fotografia ou ando pelo quarto ao qual ele chamava lar, sinto pena e solidão. Pergunto-me como é que ele estará e se a sua nova família o trata bem. Tudo o que posso fazer é esperar que ele tenha uma vida cheia de amor e realizada. Nunca pensei que um menino me forçasse a crescer tão depressa.

Agora sei valorizar o tempo que passo com os outros e demonstrar o máximo de amor e carinho que posso. Também aprendi a ver os aspetos positivos de cada situação e a apreciá-los, em vez de reparar apenas nos aspetos negativos.

Chase esteve na minha vida apenas por um curto período de tempo; contudo, moldou a pessoa que sou hoje e estou-lhe agradecida para sempre. 

Ainsley Holyfield

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